Conforme amplamente divulgado pela comunicação social, o
Eurostat publicou, na semana passada, as projecções
demográficas para os próximos 50 anos, até 2060.
Olhando apenas para os números respeitantes a Portugal,
verificamos, na página 11, que foi assumido um índice
sintético de fertilidade de 1.54!!!
Se observarmos a evolução do índice sintético de
fertilidade nos últimos 25 anos, como é que alguém,
de forma séria, pode assumir que este vai para 1,54?
Pelo contrário, como qualquer pessoa vê, a tendência
é de continuação da queda!
É pelo facto de as projecções demográficas do EUROSTAT (assim
como da UNFPA, a nível mundial, e do INE a nível
nacional) partirem de pressupostos errados que os
diversos governos têm tardado a tomar as medidas
adequadas levando a um cada vez mais rigoroso
Inverno demográfico, assim como a estas
projecções terem que ser periodicamente revistas em
baixa, como a APFN tem vindo a denunciar.
Por este motivo, a APFN recomenda ao Governo que não
acredite nos números aí apresentados. Apenas a
título de exemplo, basta olhar para a tabela 2, que dá
um crescimento da população portuguesa até
2010, quando em 2008 já vai haver uma redução. Em
2007, o saldo natural já foi negativo.
Por estas e por outras, a APFN desenvolveu no início do
ano passado o seu próprio programa para efectuar
projecções de população residente, e que pode ser
descarregado a partir do seu site. No próximo dia 27 de
Setembro, no seminário que irá realizar na Assembleia da
República com o programa que será divulgado na próxima
semana, a APFN apresentará a actualização do Caderno 16
com os dados obtidos em 2007 e que, desde já informamos,
irá apontar, de forma realista, para números
muitíssimo piores do que os projectados, de forma
irrealista, pelo Eurostat.
A APFN apela aos eurodeputados portugueses para
denunciarem, no Parlamento Europeu, a falta de
seriedade deste estudo, e fazerem a necessária
pressão para que o Eurostat seja mais rigoroso e
cuidadoso nos trabalhos que efectua.
A APFN aproveita a oportunidade para chamar a atenção de
que, enquanto pouco se poderá fazer para se melhorar
o panorama nos próximos dez anos (a não ser um
inevitável forte corte nas pensões de reforma), o mesmo
já não é verdade no que diz respeito aos números para
2040 e 2060. Com efeito, é agora que irão nascer ou
não os activos em 2040. Se os actuais casais jovens
tiverem filhos em número suficiente, o terrível cenário
para 2040 a 2060 não ocorrerá! Obviamente que, se em
Portugal, Governo e Parlamento prosseguirem nas
políticas crescentemente anti-família e anti-natalistas
das últimas dezenas de anos, particularmente
agravadas na actual legislatura, o cenário será
bem pior que o previsto!
2 de Setembro de 2008