O Projecto de OE para 2008 foi hoje entregue na
Assembleia da República, passando a estar disponível para consulta
pública no Portal do Governo e no site do Parlamento.
Da sua análise, apenas sob a óptica de Política
de Família , constata-se que:
1 - A boa notícia de que o défice está a
convergir para o objectivo traçado mais rapidamente que previsto,
sinal de que os enormes sacrifícios por que têm passado as
famílias portuguesas não têm sido em vão, e que se vê a
possibilidade de alívio num futuro próximo ;
2 - A boa notícia da concessão de benefícios
fiscais para as empresas que construam creches, embora idêntico
benefício com melhores resultados e menor risco para as
empresas possa ser obtido pela simples atribuição de "
" aos colaboradores com
filhos em idade pré-escolar;
3 - A constatação de que o Projecto de OE não
contempla rigorosamente nada relativamente às famílias numerosas,
ao contrário do que foi amplamente noticiado durante a manhã de
hoje , suspeitando-se que terá sido fornecida previamente à
comunicação social uma versão não verdadeira do Projecto de OE;
4 - A má notícia de que se mantém a inconcebível
discriminação fiscal contra os pais casados ou viúvos , objecto
da petição
da
iniciativa do Fórum da Família, a que pertence a APFN;
5 - A notícia de que vão aumentar as deduções
por descendente até aos três anos de idade, cujo significado
não se consegue perceber, a não ser de que o terceiro
aniversário de um filho vai passar a ser uma triste data para as
famílias porque, não só passam a receber bastante menos
de abono de família como a pagar mais impostos,
na altura a partir da qual os filhos passam a dar maior despesa. Sendo
esta a única medida relativamente aos dependentes, é a isto que o
Governo chama de "incentivos à natalidade" que tanto apregoou
durante o pré-lançamento do OE?
6 - A estranha notícia de que os PPR´s continuam
a ter um benefício fiscal na ordem do dobro da dedução por dependente,
dando-se, assim, um forte recado para que os portugueses não
tenham os filhos de que o país tanto precisa, antes apliquem o
dinheiro em planos financeiros de duvidosa eficácia para seu único
benefício, com a vantagem de que não é dado apenas nos três
primeiros anos de subscrição .
A APFN insiste de novo para que o Primeiro-Ministro,
durante a discussão do OE 2008, explique porque razão insiste em
apenas privilegiar as crianças até os três anos, sabendo
bastante bem, por experiência própria como pai, que é até aos
três anos que as crianças dão menos despesa aos pais .
A APFN insiste também para que, à semelhança do que fez
relativamente ao défice nas contas públicas, indique que metas
pretende atingir relativamente ao gigantesco défice superior a 35% na
natalidade.
Num país, que continua a ter uma forte política anti-natalista
e anti-família, é ridículo falar-se em "incentivos à natalidade".
Os casais portugueses não necessitam de "incentivos à natalidade"
para nada. Precisam, apenas, que possam ter os filhos
que desejam sem serem penalizados por isso no caso de insistirem em
manter-se casados.
A APFN espera que, durante a discussão do OE, que
vai ter, pela primeira vez, a participação
directa das famílias portuguesas ao assinarem a petição acima referida,
os aspectos apontados sejam corrigidos, melhorando-o bastante no que diz
respeito ao necessário combate contra o défice demográfico sem
qualquer encargo para as contas públicas.
12 de Outubro de 2007