Foi com uma enorme surpresa que a APFN - Associação Portuguesa de
Famílias Numerosas constatou que o governo propôs alterações ao
código do IRS, anteriormente ferido de espírito anti-natalista, no
sentido de, não só não corrigir esse espírito, como de ainda
penalizar os contribuintes casados.
A APFN apresentou no passado dia 1 de Junho o estudo "Família e
Fiscalidade" onde se demonstra que o IRS penaliza os casais com
filhos, tanto mais quanto maior o seu número. Esse trabalho poderá ser
consultado no site da APFN http://www.apfn.loveslife.com, na rúbrica
"Cadernos". Em Maio, teve a oportunidade de apresentar
pessoalmente esse estudo ao Exmo Senhor Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais na altura, Dr. Manuel Baganha.
Pelas declarações proferidas pelo Primeiro-Ministro em Julho, e que
podem ser consultadas no mesmo site na rúbrica "Notícias", a
APFN ficou convencida que algumas das suas reinvindicações teriam sido
aceites.
De facto, é evidente que num país em que a taxa de natalidade é de
1.4, em que nascem 50.000 crianças a menos do que será necessário
para haver renovação de gerações, em que o Ministério da Educação
declara que não conseguiu colocar todos os professores porque, do ano
passado para este ano, houve uma redução de 50.000 alunos no ensino
secundário, em que os empresários solicitam a legalização urgente de
50.000 emigrantes devido às carências em mão-de-obra, o mínimo que o
Estado deverá fazer é dar início a políticas de apoio à natalidade.
Mas, afinal, não foi essa opção.
Pelo contrário, num país em que 25% dos casais divorciam-se, em que
há tantos estudos a provar a enorme correlação existente entre o
aumento da SIDA, droga e delinquência juvenil com a degradação da
família devido ao "casa/descasa", o governo decide atacar
esta questão evitando que as pessoas se casem, penalizando fiscalmente
os 75% de casais que, não só se casaram como, teimosamente, continuam
ao longo da sua vida a respeitar a promessa de fidelidade e amor que
fizeram no dia do seu casamento. Isto é feito ao criar uma dedução de
51.000$00 para as famílias monoparentais, em oposição aos 31.000$00
para contribuintes casados.
Como é?
É este o programa familiar do governo? Será que o governo acha que
é pouco haver já 20% de crianças nascidas fora do casamento e quer
atingir a progressista média de 50% já existente nos países
nórdicos, percursores neste tipo de medidas que alegremente queremos
copiar?
Qual a razão? Para garantir postos de trabalho na polícia, nas
chamadas escolas de reeducação e nas centenas de instituições que
pretendem combater, sem qualquer sucesso, os efeitos que a degradação
da família está a trazer à sociedade?
Por favor, façam contas, e, desta vez, não seja pedido aos
jornalistas para as fazer.
Para evitar trabalho, a APFN já fez, e apresenta alguns resultados:
um casal com 4 filhos e vencimento de 200.000$00, se se divorciar, dando
origem a duas "famílias monoparentais" deixará de pagar IRS.
Se ganhar 400.000$00, terá um "lucro" de 120.000$00!
A APFN apela ao bom senso do Governo e do Parlamento para alterarem a
proposta de lei do IRS, não só no sentido de apoiar o casamento, como
também os filhos que nasçam dentro do casamento.
A APFN já escreveu ao Presidente da República, Primeiro-Ministro,
Presidente da Assembleia da República, Presidentes dos Grupos
Parlamentares e Deputados da Comissão Parlamentar para a Paridade,
Igualdade de Oportunidades e Família manifestando a sua repulsa pela
apresentação de medidas de penalização fiscal dos contribuintes
casados com filhos, tanto maiores quanto maior o número de filhos.