Relatório da UNFPA sobre o Estado da População Mundial -
Comunicado da APFN
Com grande publicidade, a UNFPA acaba de divulgar o seu relatório
sobre o Estado da População Mundial http://www.unfpa.org/news/pressroom/2001/swop2001.htm,
relatório que mostra bem a sua total incapacidade de percepção da
realidade.
De facto, e ao contrário do divulgado pela UNFPA, a situação
demográfica mundial é preocupante, mas num sentido totalmente oposto,
com uma franca ameaça de enorme redução e envelhecimento da
população, conforme foi reportado no início deste ano pela UN
Population Division no relatório "World Population Monitoring
2001", que pode ser consultado em http://www.un.org/esa/population/publications/concise2001/C2001English.pdf.
No relatório hoje divulgado, a UNFPA:
1 - Tenta associar o crescimento populacional com a degradação
ambiental e a diminuição de recursos;
2 - Afirma que a solução para evitar a degradação ambiental e
diminuição de recursos consiste na redução da natalidade por todos
os meios.
3 - Está em contradição directa com relatórios que apontam como o
enorme problema para o mundo o envelhecimento da população, aumento da
pressão para imigração e competição intergeracional.
4 - Está em total contradição com o recente relatório "World
Population Monitoring 2001" da bastante mais credível UN
Population Division em:
4.1 - A UNFPA diz que há falta de alimentos. É FALSO! Segundo a UN
Population Division:
"Over the period 1961-1998 world per capita food available for
human consumption increased by 24 percent, and there is enough being
produced for everyone on the planet to be adequately nourished."
"According to the FAO and the International Food Policy Research
Institute, world food production is projected to be able to meet
consumption demands for the next one or two decades. Even for the period
up to 2050, recent studies forecast food production keeping pace with
demand..."
4.2 - A UNFPA afirma que a fome é causada pelo aumento populacional.
É FALSO! Segundo a UN Population Division:
"People have inadequate physical and/or economic access to foold
as a result of poverty, political instability, economic inefficiency and
social inequity."
"FAO has concluded that 'With regard to poverty alleviation and
food security, the inability to achieve environmentally sound and
sustainable food production is primarily the result of human inaction
and indifference rather than natural or social factors."
4.3 - A UNFPA afirma que o crescimento populacional provoca pobreza.
É FALSO! Segundo a UN Population Division:
"From 1900 to 2000, world population grew from 1.6 billion
persons to 6.1 billion. However, while the world population increased
close to 4 times, world real gross domestic output increased 20 to 40
times, allowing the world to no only sustain a four-fold population
increase, but also to do so at vastly higher standards of living."
"...even many low-income countries have achieved substantial
improvements in the quality and length of life."
4.4 - A UNFPA afirma que os recursos são escassos. É FALSO! Segundo
a UN Population Division:
"During recent decades new reserves have been discovered,
producing the seeming paradox that even though consumption of many
minerals has risen, so has the estimated amount of the resources as yet
untapped."
4.5 - A UNFPA afirma que o aumento populacional provoca a
degradação do ambiente. É FALSO! Segundo a UN Population Division:
"In general, population growth appears to be much less important
as a driving force of such problems than is economic growth and
technology."
"Even for those environmental problems that are concentrated in
countries with rapid population growth, it is not necessarily the case
that population increase is the main root cause, nor that slowing
population growth would make an important contribution to resolving the
problem."
Aliás, não é necessário ser-se grande especialista nestas
questões para se reconhecer a falsidade das conclusões do relatório
da UNFPA, mais a mais num país em que agricultores são financiados
para reduzirem a produção e, os que têm a desgraça de não conseguir
tão pouco, arriscam-se a ter que pagar pesadas multas como aconteceu
recentemente com o excesso de produção de leite nos Açores.
Infelizmente, e apesar das inúmeras provas que contradizem as
afirmações da UNFPA, o governo português continua a ver a
reduzidíssima natalidade portuguesa como uma ameaça à segurança
nacional, penalizando fortemente os casais com filhos, tanto mais quanto
maior o seu número, política totalmente irresponsável num país que
envelhece a olhos vistos devido à falta de 50.000 nascimentos por ano,
e em completo desfasamento com as medidas que os outros países europeus
têm vindo a adoptar, com resultados positivos.
Com efeito, ainda recentemente a comunicação social fez eco do
sucesso que se tem vindo a observar em França com as políticas de
família adoptadas há poucos anos pelo governo Jospin, que fez, em
pouco tempo, a taxa de natalidade ultrapassar a da Irlanda,
aproximando-se do valor de 2.1 necessário para o equilíbrio
demográfico e não envelhecimento da população.
Por cá, enquanto continuamos a aguardar pela implementação do
prometido pelo governo há dois anos e meio na RCM
7/99 de 9 Fev, o Primeiro Ministro anuncia a criação de um
"Mínimo de Existência" de 1.500.000$00 por ano para casais
com três ou mais filhos, isto é:
Para o governo, os filhos de ordem quatro ou superior não têm
direito a existir, sendo, no mínimo, um sinal exterior de riqueza e
ostentação!!
A APFN repudia a totalidade das conclusões do presente relatório da
UNFPA e apela, de novo, ao governo para que tome as medidas previstas
por si há dois anos e meio na RCM 7/99 de apoio à família, aliás no
seguimento do enunciado na Constituição da República Portuguesa.
Apela, ainda, a todos os grupos parlamentares para contrariarem a
feroz política anti-família e anti-natalidade embutida na presente
proposta de OE 2001:
1 - Despenalizando fiscalmente os casados, incrivelmente o estado
civil com menor dedução forfetária. A APFN pretende que, no mínimo,
a dedução forfetária seja independente do estado civil.
2 - Aumentando o "Mínimo de Existência" para um valor que
mereça tal designação e que, como é óbvio e justo, varie em
função do número de elementos da família.
Relembra-se que a APFN reclama que o valor do "Mínimo de
Existência" seja 14*(SMN+N*SMN/2), onde SMN é o salário mínimo
nacional e N o número de elementos da família, valor este a ser
deduzido ao rendimento familiar para se obter o rendimento colectável.
Além disso, o rendimento colectável deverá ser dividido por um
coeficiente familiar (2 para casal sem filhos, 2.5 com um filho, 3 com
dois filhos .... mais 0.5 por cada filho) a fim de se obter a taxa de
IRS.