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27 de Julho de 2000 - APFN
Delinquência juvenil
Pais responsabilizados pelas acções dos seus
filhos
A APFN - Associação Portuguesa de
Famílias Numerosas aplaude a anunciada medida de responsabilização
dos pais pelas acções dos seus filhos, medida anunciada ontem pelo
Ministro da Administração Interna no âmbito do combate à
delinquência juvenil.
Com efeito, a APFN sempre alertou para
o facto de que os pais são os primeiros responsáveis pela educação,
ao contrário de outras correntes de opinião que tudo têm feito no
sentido oposto. Os resultados da aplicação dessa política estão,
infelizmente, bem à vista e, agora, pretende-se responsabilizar os pais
apesar de, nos últimos anos, tudo ter vindo a ser feito no sentido de
dificultar, contrariar e combater a sua função educativa.
Como medidas indispensáveis e
complementares para a retoma normal da função educativa por parte dos
pais, a APFN exige:
1 - Alteração da designação do
Ministério da Educação para Ministério do Ensino. O Ministério da
Educação são as Famílias, como agora finalmente parece toda a gente
começar a descobrir! O Ministério do Ensino que se preocupe, e a
sério, com o péssimo estado em que o ensino chegou a Portugal, com
pessoas a serem licenciadas sem sequer saberem escrever português,
porque os alunos vão passando de ano para ano sem o mínimo de
exigência curricular.
2 - Voltar a instituir o Quadro de
Honra nas escolas, distinguindo os melhores alunos. Actualmente, os
alunos populares são os pior comportados, que chegam a aparecer
como heróis em algumas Grandes reportagens em jornais, revistas e
programas de televisão sensacionalistas!
3 - Criar o Cheque Educação, para
que os pais, todos os pais, possam escolher a melhor escola para os seus
filhos, obrigando a fechar as que não servem como tal.
4 - Publicitar as classificações que
os alunos obtêm nas diversas escolas, comparado com as que obtêm nos
exames nacionais, para se mostrar à evidência a taxa de inflação
praticada em cada escola para mascarar a sua total inaptidão,
como quem, em vez de limpar uma sala, atira o lixo para debaixo do
tapete.
5 - Exigir o cumprimento de normas
mínimas de qualidade de habitação e urbanismo. Toda a gente sabe onde
estão os viveiros de marginalidade, e esses viveiros não deixam de ser
replicados. Só por milagre os jovens nascidos e criados nesses bairros
poderão deixar de vir a ser delinquentes. Há que acabar de vez com os
bairros de lata feitos em betão.
6 - Acabar de vez com toda e qualquer
tentativa de qualquer organismo ou entidade dar formação ou
informação às crianças e jovens sem conhecimento dos pais,
responsabilizando-os criminalmente se o fizerem.
7 - Formar escolas de pais, apoiar as
organizações que as animam e criar estruturas de apoio a casais em
dificuldade de relação. Pelo contrário, têm-se vindo a facilitar
cada vez mais as roturas familiares.
A política familiar que o Estado
Português tem vindo a seguir tem sido perfeitamente desastrosa.
Se os responsáveis da condução da
política familiar tivessem que tomar medidas para fazer face ao aumento
da sinistralidade nas estradas, só se lembrariam de aumentar a
eficiência das agências funerárias! Se os responsáveis da política
de luta contra a SIDA fossem chamados a intervir no combate à
delinquência juvenil, apenas se lembrariam de distribuir capuzes aos
jovens, às escondidas dos pais, e a partir dos 12 anos, para que não
viessem a ser apanhados por algum polícia (e, muito menos, pelos pais)!
8 - Reflexão de todo o Governo sobre
o que já foi e o que ainda não foi cumprido da Resolução do Conselho
de Ministros 7/99, de 9 de Fevereiro, que define a sua política
familiar. Na sequência dessa reflexão, responsabilizar politicamente
quem não fez nada, fazendo com que a situação familiar em Portugal
só tenha vindo a degradar-se com cada vez maior velocidade.
Por exemplo:
-
Porque é que foi extinto o Alto
Comissariado para a Família? Ainda por cima quando seria o
coordenador das acções governativas de política familiar? O
governo dava um prazo de dois anos para o Alto Comissariado produzir
um relatório sobre os resultados entretanto obtidos, mas
extinguiu-o passado poucos meses... A APFN dispensa a
classificação desta atitude.
-
O que é feito do tal cartão
família para dar acesso mais fácil a espectáculos culturais?
-
O que é feito do tal objectivo de
Aumentar o aproveitamento escolar das crianças e reforçar a sua
educação cívica?
-
O que é feito da vontade de Elaborar
e divulgar publicações (desdobráveis, guias, etc.) com a
indicação de medidas e serviços de apoio? Quantos existem?
Quantos foram feitos?: Quantos foram distribuídos?
-
O que foi feito para Melhorar o
exercício da função conjugal e parental? E para Manter o
equilíbrio psicológico das famílias? E para Conciliar a
vida profissional com a vida familiar?
Perante isto, a responsabilidade da
situação pertence totalmente ao Estado! Não transformem os pais em
bodes expiatórios!
O Estado, na pessoa do Governo,
Deputados, Autarcas, Juízes e inúmero conjunto de assessores é que
terá que resolver o problema que criou!
-
Em primeiro lugar, reconhecendo
que a política familiar tem sido um verdadeiro desastre, que levou
a este desastre, o que já não é nada mau - o primeiro passo para
a resolução de um problema é o reconhecimento que ele existe e a
que a solução anterior estava errada!
-
Em segundo lugar, traçando um
programa, desta vez a sério, de política familiar. Para esse
programa ser a sério, é indispensável definir o que há a fazer,
quem deverá fazer o quê, até que datas, com que meios, definir
quem será o coordenador e não o demitir sem sucessor antes de o
programa estar cumprido. Falhando alguma destas condições, o que
se fizer é pura perda de tempo e só serve para entreter.
A APFN - Associação Portuguesa de
Famílias Numerosas declara a sua total disponibilidade e motivação
para colaborar com o Estado no sentido de fortalecimento das famílias
portuguesas, como única solução que é para conduzir a uma sociedade
mais feliz e segura. Recusa liminarmente a solução de dividir a
sociedade em metade polícia e metade delinquente, embora seja uma
tentadora solução para a garantia de pleno emprego. A sociedade mais
segura é a que funciona com menos polícias, embora, no actual estado
de coisas seja uma utopia.
A Resolução do Conselho de Ministros
7/99 de 9 de Fevereiro poderá ser consultada, entre outra informação,
no site da APFN em http://www.apfn.loveslife.com,
em [Notícias] [1999]. Para se ir lá mais directamente, basta seguir o
link http://www.terravista.pt/ilhadomel/1715/Noticias/1999/rcm2.htm.
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