Público - 29
Dez 06
Escolas vão poder escolher docentes a partir de
Janeiro
Isabel Leiria
Novas regras para a substituição de professores,
disciplinas técnicas e projectos aprovadas ontem
Menos de 24 horas depois de concluída a negociação
suplementar com os sindicatos, o Governo aprovou
ontem as novas regras para a contratação de docentes
para substituições temporárias ao longo do ano
lectivo, formação em áreas mais técnicas ou
projectos específicos de combate ao insucesso
escolar.
A substituição dos contratos administrativos de
provimento por contratos individuais de trabalho (a
termo) e, no caso das disciplinas técnicas, por
contratos de prestação de serviços (recibos verdes)
é a principal novidade do diploma, muito contestado
pelos sindicatos.
As novas regras permitirão às escolas socorrer-se
deste tipo de contratação a partir de Janeiro,
cabendo aos conselhos executivos definir o perfil e
os critérios de selecção dos docentes. Entre dois ou
mais candidatos, as escolas podem optar por um que
esteja pior classificado na lista de graduação
nacional - a partir da qual têm sido feitas as
colocações.
A Fenprof e a FNE consideram que a introdução dos
contratos individuais de trabalho e os recibos
verdes vai aumentar a precariedade dos professores e
entendem que o conceito de prestação de serviços
aplicado às escolas é ilegal. "Os recibos verdes não
podem ser aplicados a professores, que cumprem
horário e dependem de uma estrutura hierárquica",
pelo que não podem ser tratados como trabalhadores
independentes, defendeu, à Lusa, o secretário-geral
da FNE, João Dias da Silva.
As duas principais federações sindicais também temem
que a nova modalidade de recrutamento possa levar as
escolas a escolherem com base em favorecimentos
pessoais.
Em declarações à Rádio Renascença, o secretário de
Estado adjunto e da Educação, Jorge Pedreira,
considerou "lamentável" o levantamento "sistemático"
de suspeição sobre os conselhos executivos e
sublinhou a importância do diploma para a autonomia
das escolas.