Público - 29
Dez 06
Educação lidera subida de preços desde 2002
Num contexto em que os preços em Portugal continuam
a subir a um ritmo mais elevado que na zona euro,
entre Janeiro de 2002 e Novembro de 2006, só mesmo
nas comunicações é que os preços recuaram. Do lado
contrário estão a educação, bebidas alcoólicas e
tabaco, e transportes que foram, por esta ordem, os
agrupamentos de produtos cuja evolução acumulada dos
preços mais se fez sentir na carteira dos
portugueses.
Os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE) mostram que, em termos acumulados
e desde Janeiro de 2002, os preços dos serviços
postais, de equipamento telefónico ou os serviços
telefónicos, em conjunto, custam menos hoje do que
custavam há quase cinco anos. Nos produtos
relacionados com a educação passou-se precisamente o
contrário. Em quase cinco anos os preços de produtos
relacionados com os vários tipos de ensino
aumentaram mais de 34 por cento. Em segundo lugar
surge o agrupamento bebidas alcoólicas e tabaco com
uma subida de 27,8 por cento. Na terceira linha de
aumentos surgem os produtos ligados aos transportes:
um conjunto vasto que vai desde a aquisição e
reparação de veículos a todo o tipo de serviços de
transporte de passageiros. No total, estes produtos
levaram um aumento de 23,7 por cento.
O que é contabilizado
na taxa de inflação
Mas com aumentos desta ordem de grandeza - todos
acima de 20 por cento - qual a razão para que a taxa
de inflação divulgada pelo INE só apresente
variações de dois ou três por cento ao longo dos
últimos anos? Primeiro porque o INE não divulga as
variações de preços acumuladas ao longo de vários
anos; por outro lado, porque nem todos os produtos
têm o mesmo peso no Índice de Preços no Consumidor,
o indicador que é divulgado pelo instituto. Assim,
tal como se pode ver no gráfico nesta página, a
classe de produtos que mais pesa no bolso dos
consumidores é a dos produtos alimentares e bebidas
não alcoólicas, representando pouco mais de um
quinto do Índice. E nesta classe, por exemplo, a
subida acumulada dos preços desde Janeiro de 2002
apenas atingiu os sete por cento. Só depois surge a
classe dos transportes e depois a dos restaurantes e
hotéis, esta última com um peso superior a 10 por
cento. Mas também nesta classe a subida acumulada de
preços não ultrapassou os 21,1 por cento.
A habitação, água, electricidade, gás e outros
combustíveis é a classe que se segue em termos de
importância para o cálculo de inflação divulgado
pelo INE. Representa 10 por cento do Índice e
registou um incremento de 17,8 por cento desde
Janeiro de 2002.
Em 2007 as pressões para a subida da inflação são
muitas, em particular devido à subida das taxas de
juro e ao consequente impacto que terão nos custos
com a habitação. Ainda assim, as estimativas
conhecidas apontam para que a inflação não
ultrapasse os 2,1 por cento no próximo ano, devendo
ficar nos 2,9 por cento este ano. Vítor Costa