Zenit - 17
Dez 06
Famílias sob pressão
Casamento, economia e fé se misturam
Menos casais com casamento estável e mais nascimento
fora do casamento é a situação atual dos Estados
Unidos. Nascimentos fora do casamento atingiram um
total de 36,8% ano passado, 1% a mais que o ano de
2004, de acordo com a notícia do dia 21 de novembro
da agencia federal National Center for Health
Statistics.
Aproximadamente 4,1 milhões de bebês nasceram nos
Estados Unidos no ano passado. Mais de 1,5 milhões
desses bebês são de mães solteiras. O dado mostrou
que agora as responsáveis pelo crescimento do
nascimento de bebês de mães solteiras são mulheres
acima de 20 anos e não adolescentes.
De fato, a taxa de nascimento entre mães
adolescentes caiu 2% em 2005, e agora é 35% mais
baixa que em seu pico de 61,8 nascimentos para 1.000
mulheres, alcançado em 1991, apontou o National
Center for Health Statistics.
Anteriormente, uma notícia feita pelo U.S. Census
Bureau revelou que casais casados somam somente
49,7% à população. Isto está abaixo dos 52% dos
cinco anos anteriores, segundo noticiou o New York
Times no dia 15 de outubro. O jornal disse que a
queda na porcentagem dos casais casados é devido ao
aumento do número de adultos que passam a maior
parte de suas vidas estando solteiros ou morando com
um companheiro sem se casarem.
No entanto, Steve Watters, o diretor de Young Adults
for Focus on the Family, disse ao New York Times que
a tendência de menos casais casados é mais um
reflexo da demora do casamento que uma direta
rejeição dele.
Allan Carlson, presidente do Howard Center for
Family, Religion and Society, foi menos otimista. «A
proporção de casamentos caiu de 76% em 1957 para
menos de 50% agora», disse em um artigo publicado na
edição de 5 de novembro do National Catholic
Register. «Estas são mudanças massivas e o casamento
como uma instituição está em decadência».
Mas Maggie Gallagher, presidenta do Institute for
Marriage and Public Policy, argumentou que o
casamento não está decrescendo. «Enquanto há uma
clara e preocupante tendência à frente do declínio
no casamento nos EUA, a sugestão de que o casamento
veio a ser uma instituição em decadência ainda é
falsa», disse ela ao Register. Uma variedade de
especialistas aponta que 85% a 90% dos norte
americanos casarão em algum momento de sua vida
Suporte governamental
Muitas organizações estão envolvidas na tentativa de
fortalecer o casamento, e recentemente receberam um
empurrão de financiamentos federais. No ultimo verão
o Congresso dos EUA decidiu reservar 100 milhões de
dólares americanos por ano para promoção do
casamento e 50 milhões por ano a fim de gerar pais
comprometidos, noticiou a Associated Press no dia 21
de julho.
O governo federal forneceu dinheiro no passado para
promover casamentos, mas só atingiu uma média de 14
milhões de dólares americanos por um ano no últimos
quatro anos, disse o U.S. Department of Health and
Human Services.
Ajudar casais na valorização da instituição do
casamento tem também importância de acordo com o
estudo do corpo estatístico do governo canadense, «Statistcs
Canada». Uma noticia do dia 28 de junho revelou que
o fator chave na durabilidade do casamento é o nível
de comprometimento à instituição.
No estudo: «Até que a morte nos separe? O risco da
dissolução do primeiro e segundo casamento»,
Statistics Canadá analisou o dado do General Social
Survey em 2001, bem como fatores de risco que afetam
o sucesso ou a falha do casamento. Um fator chave
encontrado foi o comprometimento dos casais ao
casamento como fonte de felicidade.
No caso do primeiro casamento, algumas pessoas
pensavam que o laço matrimonial não era muito
importante para sua felicidade. Essas pessoas
correrão um risco de falha três vezes mais alto que
os que levaram em consideração sua importância.
No caso de um casamento subseqüente, esse risco de
falha também foi aproximadamente três vezes mais
alto entre os que sentiram que o casamento não era
tão importante para sua felicidade.
Mais de um terço dos casamentos canadenses acabarão
em divorcio antes da celebração do 30º aniversário,
apontou o estudo.
Função da fé
O estudo também descobriu que casamento e
paternidade trazem as pessoas de volta a lugares de
oração os quais foram menosprezados em sua
juventude. Um total de 86% daqueles que em um ponto
de sua vida foi casado, reportaram que pertenciam a
uma crença religiosa. Desses, 42% participam de
atividades religiosas pelo menos uma vez por mês, no
ano antecedente à pesquisa. A taxa correspondente de
adultos que nunca se casou é de 77% e 22%
respectivamente.
Por sua vez, a prática religiosa é associada com
durabilidade conjugal. Pessoas que participam de
atividades religiosas durante o ano possuem de 10% a
31% menos de risco de dissolução conjugal, do que
aqueles que nunca participaram de nada.
O estudo também confirmou que «experimentar» morar
juntos antes do casamento não funciona. «A
convivência em união estável também é fortemente
associada com o primeiro rompimento conjugal»,
comentou o estudo. De fato o risco é 50% mais alto
entre pessoas que viveram com seu parceiro antes do
casamento, que entre aqueles que não fizeram isso.
O casamento, concluiu o estudo, «ainda parece
assegurar uma atmosfera que se eleva acima de uma
simples união». Casais casados, geralmente possuem
mais comprometimento e maior qualidade em seu
relacionamento, que parceiros em união estável, «o
que sugere algo sobre a natureza transcendental do
casamento que une a si mesmo».
Abaixo com o divórcio
Previamente nesse ano, surgiram boas notícias para
os casais do outro lado do Atlântico. Uma notícia do
United Kingdom's Office for National Statistics
mostrou uma baixa de mais de um quarto no número de
divórcios, comparado ao início dos anos 90.
O Sunday Times noticiou no dia 2 de abril que em
2003, o número de casais se divorciando na
Inglaterra e no País de Gales após menos de cinco
anos de casamento foi de 27.511, número menor que a
dez anos atrás, de 37.252. Além disso, dados de 2004
mostraram que pelo terceiro ano consecutivo mais
pessoas se casaram. O número de casamentos aumentou
1%, para 311.180.
O número de crianças, no entanto, continua a cair,
observou um artigo do dia 10 de abril do jornal
London-based Telegraph. A típica família agora tem
1,3 filhos, comparado a 2,4 somente há três décadas
atrás.
A razão principal citada pelos casais pelo
encolhimento do tamanho da família é financeira. O
dado veio de pesquisas feitas com 2.428 adultos. O
estudo foi encarregado pelo Skipton Building Society.
O modo com que o governo britânico estruturou o
pagamento do auxílio-desemprego adiciona pressão
financeira à família, observou o British newspaper
Independent no dia 26 de novembro.
O estudo relatou como um casal recém casado, que foi
a um centro empregatício para conselho em benfícios
foi informado por um empregado que ficariam melhor
se separando. Um casal receberá 90,10 libras (175
dólares americanos) por semana em «income support»
(situação onde o trabalhador seguramente receberá o
salário mínimo) e um solteiro 57,45 libras (112
dólares americanos). O ultimo também receberá uma
taxa maior para auxilio com crianças e para crianças
dependentes e benefícios para pessoas mais jóvens.
Em meio a esses obstáculos para as famílias, Bento
XVI lançou palavras de encorajamento para os casais,
em seu Ângelus do dia 8 de outubro. «Que os esposos
cristãos, conscientes da graça recebida» disse o
Papa, « construam uma família aberta à vida e capaz
de enfrentar unida os numerosos e complicados
desafios do nosso tempo».
«Precisamos de famílias», continuou, «que não se
deixem arrastar pelas correntes culturais modernas
inspiradas no hedonismo e no relativismo, e que
estejam dispostas a realizar com generosa dedicação
sua missão na Igreja e na sociedade». Uma tarefa
mais difícil que nunca.
Pe. John Flynn
|