Expresso -
16
Dez 06
Cinco grandes clínicas recusam fazer abortos
E os hospitais públicos não sabem como agir...
Caso os portugueses votem pela despenalização da
Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), no
referendo de 11 de Fevereiro, nem todas as clínicas
e hospitais privados do país irão dizer ‘sim’ ao
aborto.
O Expresso contactou 21 das
maiores instituições de saúde privadas com serviço
de obstetrícia e apurou que cinco não vão prestar
esse tipo de serviço à população.
São elas os Hospitais Cuf, a
Clínica de Santo António, em Lisboa, a Casa de Saúde
da Boavista, no Porto, a Clínica de São Lázaro, em
Braga, e a Clínica de Todos-os-Santos, em Lisboa.
As “questões de ordem ética e
deontológica” foram o argumento utilizado pela
esmagadora maioria, que não deseja “transformar a
IVG num mero método contraceptivo”.
Na maior parte das clínicas foram
os próprios conselhos de administração que tomaram a
decisão, a dois meses da consulta popular. Mas
existem casos, como o da Clínica de São Lázaro, em
que os obstetras de serviço votaram por unanimidade
contra as práticas abortivas.
Do outro lado da barricada, só o
Hospital SAMS, em Lisboa, o Hospital da Cruz
Vermelha Portuguesa e a Clínica Particular de
Barcelos garantiram que agirão “em conformidade com
a lei”. As restantes instituições preferiram não se
manifestar. “É um assunto demasiado delicado”,
alegam.