Público -
16
Dez 06
Jovens pelo "não" defendem que a vida não tem
prazo de validade
Carolina Reis
Cerca de quatro dezenas de jovens reuniram-se
para a apresentação
do movimento
Diz Que Não
"Acreditamos que entre 1998 e 2007 a vida não perdeu
valor, pelo contrário, é mais evidente e
observável." Foi com esta frase que Manuel Nobre
Gonçalves, de 20 anos, justificou a criação do
movimento Diz Que Não, constituído por jovens, que
pretende apelar ao "não" no referendo de dia 11 de
Fevereiro sobre a interrupção voluntária da gravidez
(IVG) até às dez semanas.
Na apresentação do movimento, ontem à tarde em
Lisboa, no Bar do Rio, os jovens questionaram a
validade das dez semanas como prazo para interromper
uma gravidez. "Queremos que as pessoas compreendam
que não há razoabilidade quando através de
legislação se estipula que a vida até às dez semanas
não tem valor e a partir das dez semanas já tem",
afirmou Manuel Nobre Gonçalves, que também é um dos
representantes do Diz Que Não, perante cerca de
quatro dezenas de jovens.
E questionaram a legitimidade do Estado para definir
o prazo da IVG. "Qual é a racionalidade desta
lógica? E quem tem legitimidade para estipular o
prazo de validade de uma vida? O Estado?"
O Diz Que Não afirma que um dos motivos da criação
do movimento é a necessidade de mostrar que existe
uma juventude "que não compreende que a vida tenha
um prazo de validade e consequentemente, algures,
não tenha valor". Defendendo que a IVG é um drama
humano, consideram que ela não é um método
contraceptivo, nem uma luta política.
Brigadas Diz Que Não
O movimento pretende fazer uma campanha moderna
virada para os jovens, principalmente para os que
não tinham idade para votar em 1998. "É o voto dos
jovens que pode dar um rumo diferente a este
referendo", afirmou Catarina Almeida, 20 anos, outra
das representantes do Diz Que Não.
Para passar a mensagem o Diz Que Não vai realizar
várias sessões de esclarecimento em locais onde se
concentram, habitualmente, os jovens (universidades
e escolas) e desenvolver acções de sensibilização
"que despertem a atenção de toda a gente para a
importância de valorizar a vida".
A campanha do Diz Que Não será operacionalizada
através das Brigadas Diz Que Não, compostas por
grupos de jovens voluntários. "As Brigadas Diz Que
Não vão andar na rua, identificadas com o movimento,
em locais onde se encontram outros jovens, onde
desenvolverão acções de esclarecimento e
sensibilizarão o público para a questão da
valorização da vida", afirmou Marta Pestana, 20
anos, também representante do movimento.