Portugal Diário -
15
Dez 06
Aborto: referendo em movimento
O movimento «Norte pela Vida» vai recolher
assinaturas. E o movimento «Diz que não» foi
apresentado hoje em Lisboa
O Movimento «Norte pela Vida», que defenderá o "não"
no referendo de 11 de Fevereiro sobre a
despenalização do aborto, vai iniciar sábado a
recolha de assinaturas no Porto e tem entre os
apoiantes o ex-ministro Arlindo Cunha.
Além de Arlindo Cunha, ministro nos governos de
Cavaco Silva e Durão Barroso, o movimento conta
também com o apoio do deputado do PSD José Pedro
Aguiar-Branco, do futebolista Nelson e do ex-jogador
do Futebol Clube do Porto Aloísio.
Isabel Cardoso Aires, ex-presidente da Comissão de
Coordenação da Região Norte durante o governo PS de
António Guterres, o líder parlamentar do CDS-PP Nuno
Melo e o deputado da mesma bancada José Paulo de
Carvalho são outros dos nomes.
«É um movimento abrangente, formado por pessoas com
diferentes sensibilidades em relação ao aborto, mas
que concordam num ponto: o aborto livre até às dez
semanas ofende o artigo 24º da Constituição que diz
que o direito à vida é inviolável», explicou à Lusa
Luís Graça, da comissão executiva do Movimento.
O movimento, que reunirá apoios sobretudo entre
personalidades do Norte do país, vai ter sábado a
sua primeira iniciativa: uma recolha simbólica de
assinaturas na Rua de Santa Catarina, no Porto, ao
início da tarde.
Segundo as regras para constituir um movimento,
consultáveis no «site» da CNE (www.cne.pt), é também
necessária a escolha de 25 mandatários.
«Concorda com a despenalização da interrupção
voluntária da gravidez, s e realizada, por opção da
mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento
de saúde legalmente autorizado?» será a pergunta do
referendo, exactamente igual à de 1998.
«Diz que não»
O grupo cívico «Diz que não» ao aborto, constituído
por jovens até aos 30 anos, foi hoje apresentado em
Lisboa, sendo apoiado por agências de comunicação,
apesar de não dispor de uma estrutura financeira
organizada.
Em declarações à agência Lusa, Catarina Almeida, de
21 anos, uma das porta-vozes do grupo, disse que o
movimento pretende demonstrar junto dos jovens que
«o aborto não é uma solução para a mulher».
Até ao referendo de 11 de Fevereiro próximo,
Catarina Almeida, estudante da Faculdade de Direito
de Lisboa, referiu que o seu grupo também vai
procurar «esclarecer os jovens» sobre a controvérsia
em torno de «qual o prazo de uma vida e quem a pode
definir».
Catarina Almeida salientou ainda que o seu grupo
contra a favor do não no próximo referendo «vai ter
uma sede num local central de Lisboa».
Catarina Almeida observou depois que o seu grupo
conta já com a participação activa de cerca de cem
pessoas, maioritariamente de Lisboa.