Portugal Diário - 09
Dez 06
Vila de Rei: embaixador analisa processo
Diplomata português no Brasil considera errado
«modelo escolhido»
O embaixador português no Brasil
considerou «um tanto artificial» e com «um ar um
pouco de aventura» o processo que levou cidadãos
brasileiros da cidade de Maringá, no Estado do
Paraná, ao concelho de Vila de Rei, escreve a Lusa.
Em entrevista publicada pelo
Diário do Norte do Paraná, o embaixador
Francisco Seixas da Costa afirmou que a iniciativa
«acabou por provar-se um insucesso em termos de
integração sócio-profissional».
No artigo intitulado «É
importante desmantelarmos as ilusões», o embaixador
disse ter ficado preocupado desde o início do
processo com a situação que se estava a criar.
O modelo escolhido «não ajuda
ninguém, e particularmente não ajuda pessoas que,
como algumas, se desfizeram dos seus bens, pensaram
que iam ter uma vida estabilizada e depois se
desiludiram, porque as condições profissionais não
eram aquelas que esperavam, porque o custo de vida
em Portugal é muito elevado e o s salários não
correspondiam», salientou.
Segundo Seixas da Costa, havia
«boa vontade dos dois lados, mas havia também uma
ilusão».
Na opinião do embaixador
português, «a experiência é em si curiosa e
interessante, no entanto perigosa, porque pôde criar
algumas ilusões, mesmo a cidadãos brasileiros
residentes noutras cidades (do Brasil), que pensavam
que lhes estava aberto o caminho para um
repovoamento de Portugal».
Maringá foi escolhida, no ano
passado, pela sua herança portuguesa, para repovoar
Vila de Rei, cuja Câmara decidiu recrutar famílias
com filhos, uma vez que a sua população está a ficar
envelhecida.
O embaixador destacou à Lusa ter
feito questão em visitar Maringá recentemente para
«tentar dar uma mensagem sobre o que aconteceu»
entre a cidade paranaense e Vila de Rei.
Seixas da Costa revelou também
que visitou há três meses Vila de Rei «para perceber
melhor o enquadramento», tendo então falado com
várias pessoas que conheciam os brasileiros que para
lá foram.
O embaixador português pôs em
relevo as declarações feitas em Brasília, no final
de Novembro, pelo secretário de Estado da
Administração Interna, José Magalhães, sobre a
criação de «um modelo que permita enquadrar, no
futuro, as pessoas que vão do Brasil para Portugal».