Regiaodeleiria.pt -
03 Dez 06
Mais horas na
escola
Ana Narciso
As crianças em Portugal passam a ser educadas pela
escola que o Estado impõe. É este o modelo
socialista que neste momento vigora em Portugal
muito aplaudido pelas confederações de pais e
encarregados de educação. Não me revejo neste modelo
em que o Estado assume por inteiro a
responsabilidade da educação dos nosso jovens. Um
enorme equívoco. Mais horas na escola não significa
melhor educação, mais horas na escola não significa
melhor desempenho escolar, mais horas na escola pode
significar a desresponsabilização das famílias face
à educação dos seu filhos. Há crianças que estão 12
horas fora de casa. Saem de noite, entram de noite.
Os trabalhos são feitos na escola, a alimentação é
feita na escola, os “tempos livres?” são ocupados na
escola. Que tempo sobra para a família? E se a
escola está a usurpar o lugar da família seria
melhor que pais e encarregados de educação se
informassem e inteirassem do que se passa neste
denominado prolongamento de horário. Haverá
certamente experiências muito motivadoras e
enriquecedoras, mas outras há que mereciam uma maior
atenção de toda a comunidade. E por motivos vários.
Em primeiro lugar pela contradição existente no
modelo aplicado de uma forma universal, haja ou não
condições para o desenvolver, como ou sem recursos
humanos qualificados, com ou sem equipamentos
adequados. Há monitores/professores que nunca leram
uma linha de pedagogia e nada sabem acerca do
processo ensino-aprendizagem para este nível etário.
Por outro lado, exige-se que as crianças estejam
motivadas para aprender uma língua estrangeira ou
educação musical depois de um dia de aulas, ou seja
depois de cinco horas de trabalho escolar.
Acrescente-se a este horário estafante o corrupio de
transporte em transporte e, por fim, ainda se exige
que haja disponibilidade mental e física para
trabalhos de casa e diálogo com a família. De facto
este modelo está cheio de contradições. Por exemplo:
a oferta das áreas é obrigatória (e quase uma
vergonha se não são disponibilizadas), mas a
frequência é facultativa. Como consequência a
indisciplina torna-se mais frequente. A matriz
escolar do que é oferecido - Língua Inglesa,
Educação Musical e Educação Física – condiciona o
papel do professor/monitor a quem se exige que siga
orientações emanados do Ministério da Educação para
aplicar num tempo onde as crianças já estão mais
para se divertir do que para aprender. Como
consequência há uma má apropriação de métodos de
trabalho e de aprender que demorarão meses a
combater, quando “ for a sério”. Neste ponto só há
uma solução: integrar estas áreas no currículo
regular do 1º ciclo.
Não! Definitivamente este não é o modelo que
gostaria de ver aplicado nas escolas do meu país.
Mas como os professores não são ouvidos nem achados
nestas matérias deixo aqui sugestões aos pais e
encarregados de Educação. Em primeiro lugar, nem
todas as crianças necessitam de prolongamento de
horário; em segundo lugar as famílias e a sociedade
civil podem e devem organizar os tempos livres dos
seus filhos conforme entenderem (o que já acontecia
com os ATL). E se em vez de Inglês, tiverem
equitação ? E se em vez de educação física tiverem
danças latinas? Por que razão se há-de meter o
Estado na organização do tempo de todas as famílias?
As nossas crianças estão exaustas, com falta de
colo, sacudidas todo o dia de actividade em
actividade sem a tranquilidade e a estabilidade
necessárias a uma aprendizagem efectiva e duradoura.
Ficam sem saber Inglês e, qualquer dia, nem
Português sabem escrever!