|
O Ministério da Educação
apresentou o estudo "Os números da educação nos recenseamentos",
em que se podem extrair as seguintes conclusões:
1 - Verifica-se a diminuição
de abandono escolar nas idades inferiores;
2 - Verifica-se uma
elevadíssima taxa de reprovações, apesar de falta de rigor na
avaliação, que faz com que muitos alunos passem de ano sem terem
adquirido as necessárias competências, conforme toda a gente sabe por
cá e como é mostrado em todos os estudos sobre a escolaridade em
Portugal, publicados no estrangeiro;
3 - Verifica-se uma
elevadíssima taxa de abandono escolar após o 9º ano, só permanecendo
quem pretende chegar ao ensino superior;
4 - Evidencia uma diminuição
do número de alunos, devido à crescente diminuição da taxa de
natalidade.
Sobre este estudo, a APFN tece
os seguintes comentários:
1 - Saúda a redução do
abandono escolar nas idades inferiores, que está associado à geral
melhoria das condições de vida das famílias. É bem evidente a
correlação deste abandono com a pobreza, devendo continuar-se o
louvável esforço na sua minimização.
2 - É muito importante
combater-se a elevada taxa de reprovações, mas, em simultâneo,
aumentar o rigor na avaliação. Na nossa opinião, passa por curricula
mais realistas, professores melhor preparados, maior envolvimento dos
pais, melhores escolas e maior estabilidade curricular. É impossível
atingir-se resultados razoáveis com frequentes reformas e sem o
envolvimento dos pais. Infelizmente, por circunstâncias várias,
nomeadamente horários incríveis de trabalho e aumento da taxa de
divorcialidade, é cada vez maior o alheamento e demissão dos pais no
ensino dos seus filhos. A APFN considera que este é o maior desafio
para uma melhor educação, e que deverá passar por um esforço conjunto
do Governo (Ministério da Educação em particular), Associações de Pais
e outras associações de família.
3 - A APFN considera que o
elevado abandono escolar após o 9º ano deve-se à evidente e plenamente
justificada falta de interesse no ensino superior por parte de uma
larga faixa dos jovens e falta de alternativas. Não só nem todas as
pessoas têm que se licenciar, como uma parte importante dos
licenciados está desempregada ou em subemprego. Deverão ser criadas
mais, muito mais, escolas profissionais e, simultaneamente, alguns
estabelecimentos de ensino superior deverão ser requalificados em
estabelecimentos de ensino médio que, de facto, são. Infelizmente, por
alguns desses estabelecimentos estarem qualificados como de ensino
superior, alunos são obrigados a frequentar 3 anos de ensino
secundário sem qualquer espécie de interesse para eles, levando-os,
naturalmente, a desistir pelo caminho.
4 - Os números apresentados
sobre redução do número de alunos pecam por enorme defeito, uma vez
que são comparados com 1991, em que o índice sintético já era inferior
a 2.1. Os números verdadeiros sobre o défice demográfico actual são
bem piores. O gráfico abaixo mostra o número de crianças e jovens que
deveriam ter nascido para que o índice se mantivesse nos desejáveis
2.1. O último ano em que isso aconteceu foi em 1981, há 21 anos.
Pode-se, assim, ver que faltam mais
de 9,000 jovens com 19
anos, cerca de 11,000 com 18 ,
.... 31,000 com 15, entre 40,000 e 55,000 com idades entre os 10 e 1
anos!

Trata-se de um "combóio" que
tem sido responsável pelo fecho de escolas no ensino primário e
secundário (lançando professores no desemprego...), que começa a
provocar o fecho de escolas no ensino superior e que vai provocar
forte perturbação no mercado de trabalho, pondo em risco a
sobrevivência da Segurança Social. É este "combóio" que, nomeadamente,
já está a provocar as alterações nas reformas e, como é fácil de se
observar, "a procissão ainda vai no adro".
É perante este cenário que a
APFN tem vindo a alertar a sociedade portuguesa, e a classe política
em particular, para a péssima política familiar que o país tem vindo a
praticar nos últimos vinte anos. Os resultados estão bem à vista.
Por isso, há cerca de um ano,
lançou as suas propostas através dos cadernos 4 - "Família
e Poder Local" e 5 - "Apostar
na Família - Construir o Futuro".
Por isso, também, lançou no
passado dia 7 de Dezembro o desafio à sociedade portuguesa através do
"Plano
+famili@" e que
constitui, simultaneamente, o compromisso da APFN em ser motor desse
plano, para que "ser
mais custe menos".
A APFN aproveita
a ocasião para relembrar que não basta apresentar estudos!
Já existem
imensos e todos apontam na mesma direcção!
Os diagnósticos
são importantes, sem dúvida, mas nenhum doente se cura com o
diagnóstico!
Este estudo, que
se saúda, é um excelente diagnóstico. Mas, como é evidente, nada
mudará se ficarmos por aqui.
A APFN apela a
toda a sociedade portuguesa, e à classe política em particular, para
que sinta isto como um problema grave que põe em causa a nossa
viabilidade enquanto sociedade, e que adopte medidas de fundo de apoio
aos casais com filhos, em total oposição ao que tem vindo a praticar,
penalizando-os tanto mais quanto maior o seu número.
APFN -
Associação Portuguesa de Famílias Numerosas |